quinta-feira, 12 de março de 2020

Poemas do silêncio 7


Parched Art (Porl Thompson and Andy Vella)


Encontro-me na frequência de umas notas de música. O tempo é pretérito. Trôpega, a propositada  distorção cambaleia, tropeça, entontece na torpe, vil, vida sonora. A melodia segue. Sibila, sílaba a sílaba. Blandícias e bátegas. Os graves, os agudos são simultâneos. Sabem, as vozes mais silentes são as que mais gritam. Ouçam. O coração late. A caravana não passa. Os clamores são de alívio

domingo, 8 de março de 2020

"que se fodam os advérbios"


V. v. Gogh - "Campo de trigo com ceifeiro e sol"

Mote alheio: que se fodam os advérbios


Costumam ser apêndices modificadores, embaraçosos pormenores que sagazes pintores reconhecem com agilidade nas sintaxes longas e penosas. "que se fodam os advérbios" e todas aquelas iguais locuções que valem apenas para quebrar os silêncios de uma tarde soalheira de verão e se apontam na grita perturbadora dos churrascos em família, nos bailaricos das terras de costumes bolorentos e nas audazes palestras dos sermões culpabilizadores das manhãs mal dormidas de domingo. Fiquemo-nos, saiba-se, pela tarde soalheira, sem apenas nem mal