sábado, 17 de julho de 2021
16 - L' Amour Au Temps Du Corona
sexta-feira, 9 de julho de 2021
Ulisses III
"Quê?..." "...Se ainda tinhas os olhos verdes." "Eu?" "Sim!" "Eu nunca tive os olhos verdes!" "Como assim?" "Isso era o outro!" "Quem?" "O Aquiles!" "E quê, Bebemos mais um copo?" "Gosto da figura de retórica, manda vir tu"
Ulisses II
Desta vez foi um telefonema. Depois da apneia, houve um som ancestral. Um profundo e magmático suspiro e o silêncio. Uma onda de vento. Uma carícia, como o mar que bate na seda arenosa. A voz emergiu por entre o entrelaçado do linho "Os olhos de Ulisses continuam verdes?" "Deve ser engano"
Ulisses
Hoje, num café qualquer, encontrei Ulisses. O verdadeiro. Estava a fumar e de olhar vago. Hesitei, mas coisas destas não acontecem todos os dias, fui ter com ele e perguntei-lhe: "então pá! a persona?" O homem engasgou-se, tossiu e olhou-me fixamente nos olhos. O olhar de um semideus é intrigante. Havia ali todo o mar Jônico? Mediterrâneo? Talvez. "Senta-te e bebe um copo!", ordenou. Aceitei, claro. "Que deuses honras?", perguntou. "Que sei eu! Depende das horas e do amanhã!" Foi então que aquilo aconteceu, a acronia. Odisseu, o semihomem, começou a falar em latim "Carpe diem, quam minimum credula postero". "E tu conheces Horácio?" "Muito antes de ele me conhecer a mim!" No fim da conversa, deitei a mão ao bolso, mas com a nobreza de um rei não se brinca. Disse o homem: "Pago eu"